Conto "Vai Ficar Tudo Bem" (Desafio Literário)
Olá!
Aqui deixo a minha participação num dos desafios do Grupo do Facebook Fábrica de Histórias.
Informações do conto:
Título: Vai Ficar Tudo Bem
Número de Palavras: 799 Palavras
Autor: Vasco F.
Sinopse: Durante a pandemia, muitos são aqueles que estão esperançosos e dizem que tudo vai estar bem. Mas também temos os outros que acabam por amedrontar todos aqueles que se dizem confiantes.
Quero contar-vos uma história, uma história bastante recente. Uma história de sentimentos (bons ou maus).
Durante a pandemia, numa altura em que a preocupação era geral por causa da situação em Itália e em Espanha, começaram a surgir manifestações espontâneas de esperança, que se concretizaram em desenhos feitos por crianças italianas, inicialmente, chegando a todas as outras crianças de outros países. Todos os desenhos tinham como base um arco íris e eram colocados nas janelas e nas varandas das casas com a frase "Andrà Tutto Bene" (Vai ficar tudo bem, tradução do italiano).
O ser humano vive muito das emoções e em momentos difíceis como este está mais recetivo. E estas atitudes emocionaram muita gente por esse mundo fora e acabaram por levar esperança, confiança, conforto e consolo, quando pouco mais temos.
Mas o que é, infelizmente, mais notável é o mundo das redes sociais. Aqui, neste outro mundo, começaram a surgir mais comentários negativos. Não era o "Andrà Tutto Bene", era mais o "Vamos Todos Morrer". Ou seja, enquanto estávamos a ver crianças confiantes de que tudo ia passar, apareciam uns quantos a dizer que tudo ia piorar. Vamos meter as mãos na testa, porque colocar no cérebro ainda é impossível (Haja paciência!).
É óbvio que a esmagadora maioria das pessoas, com dois palmos de testa (e lá vou eu fazer referência ao que escrevi acima), sabe que as coisas não estão bem, estamos a passar um dos momentos mais marcantes das nossas vidas, principalmente quem de alguma maneira foi ou venha a vir a ser afetado por isto. Acredito que daqui a vinte anos os cadernos de história já tenham esta pandemia descrita.
Também percebo que os seres humanos pensam de maneiras diferentes (e ainda bem, porque se não fosse o caso, a vida não teria sentido e não haveriam aquelas discussões saudáveis eternas) e isso leva a que existam perceções e opiniões muito diferentes de uma mesma situação.
Mas... Tudo tem um limite, pessoas! Não vamos tirar a confiança dos olhos de uma criança, chega a ser cruel. Não vamos dizer ao próximo que todos vamos morrer e causar alarmismos desnecessários.
Depois também existem aqueles e aquelas que não revelam o seu pessimismo e o comparam a realismo. Deixem-me dizer-vos uma coisa: Vocês metem-me nojo! Chegar a um idoso e dizer que ele vai morrer mais cedo devido ao Covid 19 é simplesmente cruel, não é a realidade. Um jovem de vinte anos pode morrer de um acidente de viação mais depressa devido ao excesso de álcool no sangue do que um idoso de doença prolongada, ou seja, o chamado cancro. E aqui estou a ser realista.
Mas também temos aqueles idosos que são os melhores a atraírem más energias... (aqui já é triste de ver e não existe tanto a questão da vergonha alheia).
Deixem-me contar-vos uma história que se passou comigo:
Há uns tempos fui a um funeral de um amigo e vi uma pessoa bastante desconsolada e triste com o que acabava de acontecer.
Houve dois tipos de pessoas naquele local. O primeiro tipo foi identificável pelo filho, que se aproximou da pessoa desconsolada, que vim a descobrir ser a filha, ou seja, eram irmãos e filhos do falecido. Não me perguntem como não conhecia a filha já que era o funeral de um amigo, na verdade esse meu amigo pouco falava da jovem. Teve alguns problemas conjugais... Com várias mulheres, para dizer a verdade.
Ele aproximou-se da irmã e disse "Pois é, e agora como vai ser? Se calhar vais demorar muito tempo a ultrapassar isto, nunca estiveste muito perto do nosso pai, mas ele gostava muito de ti. Talvez com a tua parte do dinheiro possas arranjar um psicólogo, ou talvez um psiquiatra porque talvez entres em depressão por teres sido largada pelo nosso pai e teres sido criada sozinha. Podes até nunca mais conseguires trabalhar, nem ganhar o sustento da tua família. Tens uma filha, não é? Pois é. É triste. Os netos do nosso pai vão acabar sozinhos neste mundo. Talvez comecem a ficar doentes. Posso pagar-te até mesmo o psiquiatra para a tua filha. Afinal de contas é minha sobrinha".
As pessoas ficaram chocadas ao ouvirem aquilo. É então que vemos o segundo tipo a intrometer-se no discurso do filho e, simplesmente, a colocar a mão no ombro da jovem e a dizer "Vai Ficar Tudo Bem".
Qual foi a mensagem que surtiu maior efeito na jovem? A mensagem do segundo tipo de pessoas. Ela olhou para a pessoa e sorriu, agradecendo. Já o primeiro tipo afastou-se.
Eu acabei indo após o funeral para casa e decidi agradecer ao meu filho a boleia. Sou um idoso de sessenta anos ainda a ver o mundo pelos olhos de uma criança: Um arco íris a dizer "Vai Ficar Tudo Bem".
Aqui deixo a minha participação num dos desafios do Grupo do Facebook Fábrica de Histórias.
Informações do conto:
Título: Vai Ficar Tudo Bem
Número de Palavras: 799 Palavras
Autor: Vasco F.
Sinopse: Durante a pandemia, muitos são aqueles que estão esperançosos e dizem que tudo vai estar bem. Mas também temos os outros que acabam por amedrontar todos aqueles que se dizem confiantes.
Conto:
Quero contar-vos uma história, uma história bastante recente. Uma história de sentimentos (bons ou maus).
Durante a pandemia, numa altura em que a preocupação era geral por causa da situação em Itália e em Espanha, começaram a surgir manifestações espontâneas de esperança, que se concretizaram em desenhos feitos por crianças italianas, inicialmente, chegando a todas as outras crianças de outros países. Todos os desenhos tinham como base um arco íris e eram colocados nas janelas e nas varandas das casas com a frase "Andrà Tutto Bene" (Vai ficar tudo bem, tradução do italiano).
O ser humano vive muito das emoções e em momentos difíceis como este está mais recetivo. E estas atitudes emocionaram muita gente por esse mundo fora e acabaram por levar esperança, confiança, conforto e consolo, quando pouco mais temos.
Mas o que é, infelizmente, mais notável é o mundo das redes sociais. Aqui, neste outro mundo, começaram a surgir mais comentários negativos. Não era o "Andrà Tutto Bene", era mais o "Vamos Todos Morrer". Ou seja, enquanto estávamos a ver crianças confiantes de que tudo ia passar, apareciam uns quantos a dizer que tudo ia piorar. Vamos meter as mãos na testa, porque colocar no cérebro ainda é impossível (Haja paciência!).
É óbvio que a esmagadora maioria das pessoas, com dois palmos de testa (e lá vou eu fazer referência ao que escrevi acima), sabe que as coisas não estão bem, estamos a passar um dos momentos mais marcantes das nossas vidas, principalmente quem de alguma maneira foi ou venha a vir a ser afetado por isto. Acredito que daqui a vinte anos os cadernos de história já tenham esta pandemia descrita.
Também percebo que os seres humanos pensam de maneiras diferentes (e ainda bem, porque se não fosse o caso, a vida não teria sentido e não haveriam aquelas discussões saudáveis eternas) e isso leva a que existam perceções e opiniões muito diferentes de uma mesma situação.
Mas... Tudo tem um limite, pessoas! Não vamos tirar a confiança dos olhos de uma criança, chega a ser cruel. Não vamos dizer ao próximo que todos vamos morrer e causar alarmismos desnecessários.
Depois também existem aqueles e aquelas que não revelam o seu pessimismo e o comparam a realismo. Deixem-me dizer-vos uma coisa: Vocês metem-me nojo! Chegar a um idoso e dizer que ele vai morrer mais cedo devido ao Covid 19 é simplesmente cruel, não é a realidade. Um jovem de vinte anos pode morrer de um acidente de viação mais depressa devido ao excesso de álcool no sangue do que um idoso de doença prolongada, ou seja, o chamado cancro. E aqui estou a ser realista.
Mas também temos aqueles idosos que são os melhores a atraírem más energias... (aqui já é triste de ver e não existe tanto a questão da vergonha alheia).
Deixem-me contar-vos uma história que se passou comigo:
Há uns tempos fui a um funeral de um amigo e vi uma pessoa bastante desconsolada e triste com o que acabava de acontecer.
Houve dois tipos de pessoas naquele local. O primeiro tipo foi identificável pelo filho, que se aproximou da pessoa desconsolada, que vim a descobrir ser a filha, ou seja, eram irmãos e filhos do falecido. Não me perguntem como não conhecia a filha já que era o funeral de um amigo, na verdade esse meu amigo pouco falava da jovem. Teve alguns problemas conjugais... Com várias mulheres, para dizer a verdade.
Ele aproximou-se da irmã e disse "Pois é, e agora como vai ser? Se calhar vais demorar muito tempo a ultrapassar isto, nunca estiveste muito perto do nosso pai, mas ele gostava muito de ti. Talvez com a tua parte do dinheiro possas arranjar um psicólogo, ou talvez um psiquiatra porque talvez entres em depressão por teres sido largada pelo nosso pai e teres sido criada sozinha. Podes até nunca mais conseguires trabalhar, nem ganhar o sustento da tua família. Tens uma filha, não é? Pois é. É triste. Os netos do nosso pai vão acabar sozinhos neste mundo. Talvez comecem a ficar doentes. Posso pagar-te até mesmo o psiquiatra para a tua filha. Afinal de contas é minha sobrinha".
As pessoas ficaram chocadas ao ouvirem aquilo. É então que vemos o segundo tipo a intrometer-se no discurso do filho e, simplesmente, a colocar a mão no ombro da jovem e a dizer "Vai Ficar Tudo Bem".
Qual foi a mensagem que surtiu maior efeito na jovem? A mensagem do segundo tipo de pessoas. Ela olhou para a pessoa e sorriu, agradecendo. Já o primeiro tipo afastou-se.
Eu acabei indo após o funeral para casa e decidi agradecer ao meu filho a boleia. Sou um idoso de sessenta anos ainda a ver o mundo pelos olhos de uma criança: Um arco íris a dizer "Vai Ficar Tudo Bem".
Parabéns!
ResponderEliminarParabéns pela ironia (realidade)!
ResponderEliminarObrigada pela participação :)